Páginas

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Não gosto de café da manhã. E agora?

O que os especialistas tem a dizer sobre o papel da primeira refeição do dia na garantia de uma alimentação adequada
.

É bem provável que você já tenha ouvido falar que o café da manhã é a refeição mais importante do dia. Segundo o nutricionista Rodrigo Cauduro Oliveira Macedo, não existe uma refeição mais importante do que a outra em termos nutricionais. O fundamental, esclarece ele, é manter uma dieta que seja adequada como um todo. O que varia bastante são os hábitos da população de diferentes regiões ou países — dependendo do lugar, costuma-se dar mais relevância a um ou outro momento à mesa. Às vezes, o café da manhã é farto, e o almoço, composto apenas por uma salada ou um sanduíche.

Para quem não gosta de comer logo depois de acordar, Macedo explica que não é obrigatório ingerir algo sem vontade.

Pode-se aguardar até a fome aparecer — é comum que muitos façam o desjejum apenas no local de trabalho.

— Não tem regra, é muito individualizado. O importante é não estar com muita fome quando for comer — recomenda o nutricionista.

Para quem se exercita pela manhã, o melhor é comer antes, respeitando-se um intervalo de pelo menos uma hora entre a refeição e a prática da atividade. Quem acorda com pouco apetite pode optar por um "pré-café", com uma fruta, uma porção de frutas desidratadas ou um suco, deixando o pão e os outros itens para mais tarde, na volta da academia. Malhar em completo jejum é possível em algumas situações, de acordo com o nutricionista.

— Se você vai fazer musculação, que é um exercício mais intenso, pode ter mais desconforto, como tontura, náusea e vômitos.

Mas se for um exercício aeróbico, como correr, pedalar ou nadar, até pode ir em jejum, desde que não tenha uma sensação ruim. Tem que se conhecer — explana Macedo, que indica a presença de um profissional de Educação Física para orientação no caso dos exercícios em jejum.


Fonte: ZH Vida

Alimentar-se de três em três horas já não é unanimidade quando se fala em dieta equilibrada

Reportagem do Caderno Vida ouviu especialistas sobre o intervalo adequado entre as refeições e o que pode trazer riscos à saúde
.

Antes amplamente disseminado, o esquema de alimentação em pequenas porções a cada três horas já não é mais visto como regra geral. Não há, segundo o nutricionista Rodrigo Cauduro Oliveira Macedo, uma frequência alimentar obrigatória ou ideal que se possa prescrever para todos.

O mais adequado é saciar a fome, com refeições balanceadas, cumprindo-se uma "agenda" bem particular. Existem pessoas para as quais bastam duas refeições, almoço e janta, e nada mais. O indicado é que nunca se atinja um estágio de fome tão intensa que o mal-estar interfira na capacidade de fazer boas escolhas e acabe induzindo ao exagero na montagem do prato.

— Geralmente perguntamos na consulta: quando você fica quatro, cinco horas sem se alimentar, como funciona a sua próxima refeição? Se você fica bem, se consegue escolher certo, tudo bem. Se fica mais de quatro ou cinco horas sem comer e na próxima refeição come chocolate ou fast-food, aí é bom que tenha uma frequência alimentar maior — exemplifica Macedo, mestre em Ciências do Movimento Humano.

O nutricionista destaca a relação existente entre a saciedade e os nutrientes. Proteínas, de forma geral, oferecem uma sensação de satisfação maior — é o caso de ovos, laticínios e carnes. Em segundo lugar, vêm os carboidratos, principalmente os integrais, como arroz, pão e macarrão. A seguir, as gorduras (óleos, manteiga, oleaginosas). Se a refeição carece de algum desses componentes, é provável que a fome reapareça mais rápido.

Airton Golbert, endocrinologista da Santa Casa e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), comenta que o tema ainda é discutido em pesquisas. O médico aponta o resultado de um estudo, apresentado no congresso de 2015 da Associação Americana do Diabetes, que avaliou grupos de pacientes que consumiam a mesma quantidade de calorias em duas ou seis refeições diárias. Os cientistas concluíram que o total calórico ingerido é mais importante do que o número de vezes em que essa quantia de calorias é distribuída ao longo do dia.

Golbert concorda que o intervalo apropriado é variável, podendo ser bem diferente de um indivíduo para outro.

— Se a gente comer mais seguido, não vai ficar com muita fome, e comendo pequenas porções o organismo absorve melhor os nutrientes — explica o endocrinologista. — Se o objetivo é emagrecimento, tem que restringir calorias e aumentar o exercício, daí você vai gastar mais, tirar das reservas — resume.

Quem, por vezes, exagera, na churrascada do final de semana ou na festa de aniversário repleta de docinhos e salgadinhos, pode se sentir impelido a "descontar" o excesso na refeição seguinte, o que é contraindicado.

— Se a pessoa come um monte no almoço de domingo e à noite quer pular a janta, o problema vai ser a supercompensação depois. Ela dorme com fome, acorda com fome e, de novo, perde o critério de escolha do alimento — alerta Macedo.


Fonte: ZH Vida

A polêmica dieta do jejum intermitente

Especialistas avaliam a prática adotada por algumas celebridades na busca por um emagrecimento rápido
.


Basta que uma celebridade divulgue fotos da silhueta, esculpida graças à mais nova dieta da moda, para que os fãs se empolguem e queiram seguir a mesma receita - em geral, uma fórmula aparentemente superpoderosa e infalível para a perda rápida de muitos quilos.

O chamado jejum intermitente atraiu grande atenção no Brasil no ano passado, quando a atriz Deborah Secco revelou ter recuperado a forma, após dar à luz a primeira filha, com o esquema de alimentação a intervalos de até 23 horas. Com uma prescrição pobre em carboidratos e rica em gorduras, a artista da Globo contou, em entrevista à revista Glamour, que comia apenas quando sentia fome, momento em que chegava a ingerir seis bifes acompanhados de queijo, ovos e bacon.
.

O assunto divide especialistas. A nutricionista Thatiana Ferreira, do Rio de Janeiro, cita como benefícios do jejum intermitente o emagrecimento rápido, a redução do colesterol e do percentual de gordura corporal, o aumento da disposição e a melhora do funcionamento intestinal. O paciente, segundo ela, deve jejuar por até dois dias não consecutivos na semana, respeitando períodos de 12, 16 ou 24 horas em que só é permitida a ingestão de água - enquanto o organismo se ocupa de queimar a gordura em excesso.

- Tem que ser algo progressivo. A pessoa não pode começar do nada e ficar mais de um dia sem comer, aconselha Thatiana.

A nutricionista relata que é grande o interesse por essa dieta entre os pacientes que chegam ao seu consultório. Mas nem todos que querem se submeter ao programa têm a vontade atendida - diabéticos, grávidas e lactentes, entre outros, são orientados a seguir outros tipos de regime. Quem tende à compulsão, alerta ela, também deve evitar passar longos períodos sem comida, sob o risco de perder o controle na refeição seguinte. A prática de exercício físico concomitante deve ser avaliada, já que pode causar mal-estar.

- Uma pessoa mais leiga pode arregalar o olho: "Vinte horas sem comer? Um absurdo!". Se o jejum intermitente é feito com um bom profissional, de forma correta, é uma boa prática. Não vejo malefício — opina Thatiana.

O endocrinologista Airton Golbert alega que falta amparo científico à prática do jejum intermitente e não o recomenda. A curto prazo, diz o médico, qualquer dieta apresenta resultados.

- Essas coisas mágicas para emagrecer estão sempre em voga. É como várias outras dietas da moda. Se a pessoa fizer restrições, vai conseguir emagrecer por um período curto. O problema é a médio e longo prazo - comenta Golbert. - A dieta deve ser individualizada para cada paciente. É preciso comer menos e se mexer mais.
.


Fonte: ZH Vida