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terça-feira, 28 de julho de 2009

U2 volta para casa em grande estilo com show em Dublin


Bono anunciou em Dublin que os shows em Barcelona, Milão, Paris, Nice, Berlim e Amsterdã foram apenas "ensaios para as três apresentações" na cidade natal do quarteto e única a receber a turnê "360º" por três noites - sexta-feira (24), sábado (25) e segunda-feira (27). O vocalista, conhecido por ser falastrão, não estava brincando. O primeiro show na casa dos irlandeses mostrou uma maturidade no setlist que ainda estava faltando nas noites anteriores, ao misturar canções novas com antigos hits e surpresas que transformaram as duas horas no gigante Croke Park em uma obra-prima de tecnologia e rock'n'roll.


O sucesso da parada na capital da Irlanda, onde a banda se formou, cresceu e ainda hoje usa como base, começou na organização. Apesar dos 80 mil ingressos para as três noites terem se esgotados, as ruas em torno do estádio de rúgbi estavam tranquilas e policiadas. A pouco menos de dois quarteirões da entrada principal, nenhuma fila gigante se formava nas calçadas ou camelôs tomavam qualquer espaço do pedestre. A organização era tamanha que na abertura dos portões, às 17h, não houve caos ou correria. Todos caminhavam sem problemas para seus lugares, marcados na arquibancada ou na pista - os que chegaram mais cedo conseguiram entrar na área reservada em torno da "Garra", apelido dado para a estrutura do palco com 50 metros de altura.

Diferentemente de todos os shows na Europa, a turnê "360º", cujo show pode ser visto de todo o estádio, esteve mais para "270º", já que as arquibancadas na parte de trás do palco não foram vendidas por serem poucas e baixas. Uma bobagem, claro. Dentro do estádio, a maior banda do planeta parecia tocar em sua sala, íntima do público - boa parte composta de estrangeiros com bandeiras e camisas de suas seleções nacionais - já na canção de abertura, "Breathe", retirada do álbum mais recente da banda, "No Line On The Horizon". Mesmo seguindo a ordem comum a todas as apresentações anteriores da turnê - "No Line On The Horizon", "Get On Your Boots" e "Magnificent" em seguida - o show começou a ficar mais seguro para o grupo, que apostou nos sucessos "Elevation", "Beautiful Day" e "Desire", todas cantadas em uníssono pelo público. "É por isso que as pessoas de todo o mundo vêm para Dublin ver o U2, porque aqui é nossa casa e sempre é especial", elogiou Bono, antes de cantar uma antiga canção irlandesa chamada "The Auld Triangle", nunca tocada pela banda.

O público, naquele momento, sentiu que estava presente em uma festa especial. E o U2 foi esperto o suficiente para satisfazer a geração "Achtung Baby", que já tem 18 anos, acionando "One" e "Until the End Of The World" sem descanso. Quando voltou mais ainda para o passado ao interpretar "The Unforgettable Fire", que retornou ao repertório do quarteto após 15 anos, Bono pegou o celular que uma fã jogou no palco e tentou falar com o namorado da garota de cima de uma das pontes móveis que ligavam o palco principal a uma passarela circular que vai até o campo. Mas a atenção ficava dividida entre as performances do vocalista e o telão gigante que circunda a parte de cima do palco e expande e recua de acordo com a música - a experiência e a resolução são muito superiores à turnê anterior, "Vertigo", principalmente quando canções desgastadas como "Sunday Bloody Sunday" ganham cores verdes dos protestos iranianos. Palco, público e banda se tornam uma única entidade quando "City Of Blinding Lights", "Vertigo" e "I Know I'll Go Crazy If I Don't Go Crazy Tonight" (versão remix) não deixam o entusiasmo cair.

O jogo ganho para o U2 depois de "Walk On" (com um desfile de gosto duvidoso de adolescentes usando máscaras da ativista birmanesca Aung San Suu Kyi) não deixou a banda acomodada. "Bad" combinou perfeitamente com o setlist mais etéreo das novas músicas e abriu para o ponto alto da apresentação: "Ultra Violet (Light My Way)" com Bono usando agora um casaco de raios vermelhos de efeito impressionante. O vocalista não tirou o traje para "With or Without", tocada quase na obrigação, mas o fez para "Moment Of Surrender", a faixa do "No Line on The Horizon" que mais emocionou e contou com as vozes da platéia. "É bom estar em casa novamente", encerrou Bono, ao lado do guitarrista The Edge, o baixista Adam Clayton e o baterista Larry Mullen Jr. Com uma recepção assim, impossível não concordar.

Fonte:
RODRIGO SALEM
Colaboração para o UOL, em Dublin

http://musica.uol.com.br/ultnot/2009/07/27/u2-volta-para-casa-em-grande-estilo-com-show-em-dublin.jhtm

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